Pernambuco é um dos polos de filmes exibidos na Mostra Brasil brasileiro

‘Ventos de Agosto’, do pernambucano Gabriel Mascaro, é um dos filmes exibidos na mostra que também traz obras de São Paulo, Rio e Minas (Foto: Desvia/Divulgação)

Com presença significativa nos principais festivais do mundo e prêmios importantes conquistados, o cinema brasileiro viveu um momento glorioso ao longo da última década. Parte dessa rica produção estará em cartaz a partir desta quarta-feira (19) na mostra on-line Brasil brasileiro, que exibirá gratuitamente 11 longas e cinco curtas lançados entre 2009 e 2020.

A programação se estende até 27 de junho, com duas atrações semanais dentro de seis mini programas temáticos. A abertura, às 18h de hoje, tem Crítico (2011), primeiro longa de Kleber Mendonça Filho, diretor dos premiados O som ao redor, Aquarius e Bacurau. O documentário reúne pontos de vista de 70 críticos e cineastas – entre eles, Gus van Sant, Elia Suleiman, Fernando Meireles, Cláudio Assis, Hector Babenco, Costa-Grvas e Eduardo Coutinho.

Crítico faz parte do eixo “Introdução” e estará disponível até as 18h de sexta-feira (21). A partir desse horário, será a vez de cinco curtas da produtora mineira Filmes de Plástico irem ao ar até as 18h de domingo. Toda a mostra seguirá esse modelo, com exibições na plataforma Vimeo.

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“Foi uma década impressionante, não só em número de filmes e prêmios, mas pela produção intensa que diversificou muito os polos de criação, saindo do eixo São Paulo, Rio, Minas, Pernambuco. O cinema brasileiro chegou a outras terras com multiplicidade de abordagens”, afirma a curadora Mônica Cerqueira.

Ela destaca a importância dos curtas da Filmes de Plástico. “É o caso impressionante de uma produtora que, em uma década, produziu com tanta intensidade, com tanto reconhecimento no Brasil e fora”, comenta.

Criada em Contagem por André Novais Oliveira, Gabriel Martins, Maurilio Martins e Thiago Macêdo Correia, a produtora teve os longas Temporada (2018), dirigido por Oliveira, e No coração do mundo (2019), codirigido por Gabriel e Maurilio, exibidos nos festivais de Locarno, na Suíça, e Rotterdã, na Holanda, respectivamente. “Muita gente não teve a oportunidade de ver os curtas, é uma chance de conhecer ainda mais o trabalho desses diretores”, diz Mônica.

Nas próximas semanas, a programação terá outros cinco eixos, com dois longas cada. “O primeiro miniprograma já mostra o vigor da produção nacional recente. Na sequência, podemos ver filmes mais contemplativos, reflexivos, que mostram as muitas tessituras do cinema brasileiro”, comenta Mônica Cerqueira.

O próximo eixo é “Corpo”, com filmes que abordam o corpo humano de forma especial, como Ventos de agosto, de Gabriel Mascaro, e As órbitas da água, de Frederico Machado. Na terceira semana, “Fronteiras” traz longas dirigidos por Maya Da-Rin e Beatriz Seigner, com histórias que se passam entre o Brasil, o Peru e a Colômbia. O documentário Terras, dirigido por Da-Rin, relata o complexo cotidiano na região. A trama ficcional Los silencios, de Seigner, acompanha uma família colombiana fugindo rumo ao desconhecido.

O programa “Outros mundos, outras ondas” destaca olhares diferenciados de produções ligadas à fantasia e ao experimental. É o caso de Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diógenes, vencedor do prêmio Queer Lisboa, e Deserto azul, de Eder Santos. Esse último, diz Mônica Cerqueira, “tem corte meio futurista, é ficção metafísica que traz a videoarte e as artes plásticas nos cenários, um estilo muito próprio”.

A quinta semana será dedicada a filmes que revistaram a Tropicália. Mônica destaca o “material de arquivo riquíssimo” do documentário Torquato Neto –Todas as horas do fim, de Eduardo Ades e Marcus Fernando. A ideia de “jogar uma semente sobre o futuro do cinema brasileiro” marca o eixo “Meu primeiro longa”, com As duas Irenes (2017), de Fábio Meira, e Mulher oceano (2020), de Djin Sganzerla.

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